Reportagem: Festival do Crato 2017 regressou à vila alentejana para a sua 33ª edição


Durante quase uma semana, entre 19 e 26 de Agosto, a vila alentejana do Crato recebeu mais uma edição daquele que é já um dos festivais com mais nomeada a nível nacional, algo que se nota, por exemplo, nos artistas que a organização em conjunto com os patrocinadores conseguem trazer de forma consistente anualmente.

A 33ª Feira de Artesanato de Gastronomia – Festival do Crato do 2017, teve como principais atracções musicais, os cabeças-de-cartaz Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, John Newman, Seu Jorge e Eagles Of Death Metal. Para além disto, foi ainda novidade um dia extra, que se realizou antes dos tradicionais quatro dias de festival e após o dia da recepção ao campista, onde Matias Damásio e Ky-Mani Marley (filho de Bob Marley) foram as estrelas maiores.

Com uma disposição semelhante à praticada no ano anterior, expositores locais e restauração – onde a gastronomia tipicamente alentejana não faltou mas também alternativas de outras culturas – estiveram lado-a-lado com o recinto dos concertos, sendo que a esta última “parte” só teve acesso quem tinha bilhete, ao contrário dos outros locais, de acesso gratuito.


Nestes dias de festival passaram cerca de 100.000 pelo Crato, grande parte delas, para os concertos. Tiveram momentos divertidos, com presença forte das pessoas, interacção entre artistas e público, e bem a nível musical, propriamente dito.

Neste sentido, sem desprestigiar qualquer um dos outros artistas e suas bandas que marcaram presença, temos de destacar o concerto dos Eagles Of Death Metal, muito mexido, musicalmente irrepreensíveis – solos de guitarra envolventes e colocados no sítio certo – e um Jesse Hughes em êxtase, que interagiu bastante com o público, elogiando o Crato, o distrito de Portalegre e as suas gentes. Também o (longo) concerto de Seu Jorge – cerca de 2h15 em palco – teve momentos musicais bastante bem conseguidos, com o público a vibrar e a cantar em conjunto com o artista brasileiro, especialmente nos êxitos “Amiga da Minha Mulher” e “Burguesinha”.


Emir Kusturica e a sua banda surpreenderam muita gente pela positiva, com o ritmo dançante das suas músicas e John Newman, cabeça-de-cartaz de quinta-feira, talvez por ser ligeiramente menos conhecido que outros dos que marcaram presença – a cultura de ouvir os singles que passam na rádio e cada vez menos os álbuns dos artistas pode ter contribuído para isto – surpreendeu também muito pela positiva, com muita gente que esteve presente a apelidar o concerto de “brutal”.

David Fonseca e Diogo Piçarra, dois músicos em fases diferentes das suas carreiras, um já com uma carreira consolidada e de muitos anos, o outro (que apesar do seu sucesso recente) ainda está no início, não desiludiram os seus fãs, que marcaram presença em grande número.

Destaque ainda para as bandas/artistas portugueses que abriram cada um dos dias. Excelentes concertos, talento musical inegável, mas que por causa da hora a que são colocados (alguém tem sempre se ser o primeiro) não tiveram uma grande densidade de público a assistir. Talvez com expepção de Piruka, que teve mais gente por já ter um pouco mais de nome que os restantes. Todos deram mostras de ambicionar outros voos, até mesmo no Festival do Crato! Quem sabe, para o ano…


Por: Carlos Ribeiro - 03 Setembro 2017