Projecto "Leituras a Sul" com o objectivo de colocar a Biblioteca Municipal de Portalegre no "mapa digital"


A tarde de ontem na Biblioteca Municipal de Portalegre, foi a dedicada a isso mesmo: às bibliotecas. Mais concretamente, às bibliotecas alentejanas e aos seus livros antigos. O ciclo de conferências "Leituras a Sul" pretende divulgar livros e documentos com valor histórico, cultural ou linguístico que existem em bibliotecas do Alentejo. 

Através desta iniciativa, os seus idealizadores ficaram a saber, por exemplo, quantos livros antigos existem nas bibliotecas que participaram e revelaram ainda que chegaram a encontrar livros antigos, importantes para património cultural de uma região, em armazéns, junto a produtos de limpeza.

A conferência dividiu-se em duas partes: a primeira por Helena Freire Cameron, onde se falou de um dos dicionários mais antigos e mais utilizados do mundo - cuja réplica este presente na sala e pode ser vista abaixo - o Dicionário de Calepino e ainda, uma segunda parte, a cargo de Dália Guerreiro. Esta última, falou sobre bibliotecas digitais e os paradigmas que são vividos por quem as tenta construir.

"Uma biblioteca digital é também uma biblioteca... Se não espera encontrar todos os livros do mundo na biblioteca tradicional, na digital também não o irá fazer", começou por explicar Dália Guerreiro. Para se ter uma Biblioteca Digital, há que definir várias coisas para que se tornem padrão, como por exemplo: Definir políticas de digitalização, as imagens têm de ter qualidade, verificar as obras digitalizadas, categorizá-las e ter sempre em atenção a questão dos direitos de autor.

Para além disto, explicou ainda as vantagens de uma biblioteca digital a um auditório que estava muito bem composto. "Não tem horário de funcionamento, permite o acesso à distância e que vários utilizadores acedam à mesma obra ao mesmo tempo, dá mais visibilidade/difusão às colecções, exige pouco espaço de armazenamento, contribui para a preservação dos livros mais antigos e em piores condições e ainda facilita o acesso a pessoas que possuam alguma deficiência", apontou.

Aliás, a Biblioteca Municipal de Portalegre, de acordo com o seu director, Luís Ensinas, "já está a trabalhar na digitalização do seu material". Porém, este processo acaba por ser demorado, visto que a Biblioteca depende do servidor da Câmara Municipal para colocar as suas obras online, um assunto que é muito discutido mas que acontece em todo o país.

O Dicionário de Calepino, criado por Ambrogio Calepino, foi um dos modelos de dicionário mais utilizados, sendo mesmo dos primeiros a conter várias línguas no seu interior, e não apenas as primeiras latim e grego. Em Portugal, Amaro de Reboredo foi quem pela primeira vez adicionou o português como língua neste dicionário, lado-a-lado com o espanhol (nesta altura Portugal encontrava-se sob domínio Filipino) e ainda o latim.

A passagem por Portalegre foi a última deste segundo ciclo no distrito, depois de passarem por Elvas e Castelo de Vide.

Fotogaleria aqui.


Por: Carlos Ribeiro - 17 Novembro 2017